sábado, 19 de abril de 2008
Mãe Coragem e seus filhos
A peça de Brecht está no Centro Cultural do Banco do Brasil até dia 4 de maio. Vale a pena conferir. Tão linda, tão linda, me doeu inteirinha. Não tenho o que comentar. Vou dizer o quê? Que a guerra é horrível mas dá lucros? Que eu gosto é de personagens humanas, com defeitos e demônios, como as apresentadas? Que é inconcebível que uma família bonita se esfacele com uma guerra? Isso é me limitar ao lugar-comum, às impressões que todos temos. Essa peça é uma jornada diferente para cada um. Então vá conferir você, não espere que eu faça uma resenha. Não sou boa o suficiente.
sábado, 12 de abril de 2008
Pra não dizer que não falei da luta - parte dois.
Não posso e nem vou negar a espontaneidade da invasão à Reitoria da UnB. Ouço dizer que foi assim, decidido em assembléia e o pessoal foi lá e fez. Que seja. A segunda invasão também, pelo que ouvi, foi ainda mais espontânea. Por mim, tudo bem. Não aderi ao movimento desde o início, por não estar, confesso, inteirada dos acontecimentos acerca do Reitor e das fundações, e muito menos a respeito das questões políticas que assinalaram o movimento.
As coisas mudaram de figura na segunda, dia 7. Fui à Reitoria para não dizer que não tinha ido, e vi o quanto o movimento estava organizado. O clima calmo, gostoso dentro da reitoria. Tudo bem limpo e organizado. Ninguém tenso com a perspectiva da chegada da polícia. Gostei e resolvi me informar.
Já na quarta, 9, fui à assembléia para votar as questões em pauta. Não fui só para apoiar o movimento, mas também para votar contra determinadas coisas que eu era contra. Não topei fazer greve. Não gostei de ter visto um garoto com adesivo de partido na camiseta, espero que tenham pedido para ele tirar. Mas saí satisfeita de lá. Não fiz a menor diferença ali, mas fez toda diferença para mim.
Na quinta, 10, por insistência de uma amiga, a Thaís, fui denovo ao CAREI (hêhê), com ela e outro amigo, o Braitner. Saímos de lá com cartazes que espalhamos pelo ICC Norte. É uma sensação engraçada, colar cartazes. O pessoal te olhando, você pensando no que está colando naquela parede. E em quanto tempo aquele cartaz sem autorização de ser colado vai ficar ali.
Bom, na sexta, 11, eles ainda estavam lá. E rolou uma passeata pela universidade todinha (e isso inclui, pasmem, FA e FT), chamando o pessoal para aderir à paralisação. Foi um barato, uma delícia. Minhas colegas ficaram roucas. Eu fiquei com as palmas das mãos insensíveis, de tanto bater palma. Mas foi muito bacana mesmo, estar em uma coisa assim, e ter noção do que se está gritando (isso é MUITO importante).
Se eu quero matar o Borat Tropical? Pode crer. Um palhaço desses acaba com a imagem do movimento. E ainda sai na capa de todos os jornais.
Aí o vice renuncia, o reitor renuncia. Me corrijam se eu estiver errada, mas deve ter sido a única vez na história mundial que os estudantes pressionam um reitor para sair e ele sai. É uma sensação engraçada, um orgulhinho. Uma satisfação, esperança de mudança.
Ontem teve a coletiva de imprensa do novo reitor. Me pareceu um cara disposto a dialogar. Vamos ver no que dá.
Qualquer coisa, os alunos ocupam a Reitoria denovo, oras.
Não?
sexta-feira, 11 de abril de 2008
terça-feira, 1 de abril de 2008
Max Weber - A Política Como Vocação
Só um trecho. Extremamente tendencioso da minha parte postar isso, devo dizer. Mas como não ser tendenciosa a esse respeito?
"... a demagogia moderna faz uso do discurso [...] mas faz uso ainda maior da palavra impressa. Por esse motivo é que o publicista político e, muito particularmente, o jornalista são, na atualidade, os mais notáveis representantes da demagogia.
[...] O jornalista participa na atuação de todos os demagogos, tal como [...] o advogado (e o artista). Isso escapa a qualquer classificação social precisa. Pertence a uma espécie de classe de párias que a 'sociedade' sempre julga em função de seus representantes mais indignos sob a ótica da moralidade. Esse é o motivo pelo qual se veiculam as idéias mais estranhas a respeito dos jornalistas e do trabalho que executam. A par disso, a maior parte das pessoas ignora que um 'trabalho' jornalístico realmente bom exige pelo menos tanta 'inteligência' quanto qualquer outro trabalho intelectual e, frequentemente, se esquece tratar-se de tarefa a executar de imediato e sob comando, tarefa à qual impõe-se emprestar pronta eficácia, em condições de criação inteiramente diversas das enfrentadas por outros intelectuais. Muito raramente se considera que a responsabilidade do jornalista é bem maior que a do cientista, não sendo o sentimento de responsabilidade de um jornalista honrado em nada inferior ao de qualquer outro intelectual. [...] Tombou o jornalismo num descrédito explicado pelo fato de havermos guardado na memória abusos de jornalistas carentes de senso de responsabilidade e que exerceram, amiúde, influência deplorável. No entanto, ninguém se inclina a admitir que a discrição do jornalista seja, de modo geral, superior à de outras pessoas. O ponto é inegável. As tentações que se ligam ao exercício dessa profissão são incomparavelmente mais fortes, assim como outras condições que rodeiam a atividade jornalística implicam em certas consequências que habituaram o público a ver o jornal com um misto de desdém e de piedosa covardia. [...]
[...] Sem dúvida nenhuma, a carreira jornalística permanecerá como uma das vias mais importantes de atividade política profissional. [...] Mas a vida do jornalista está entregue, sob todos os pontos de vista, ao puro azar e em condições que o põe à prova de maneira que não encontra paralelo em nenhuma outra profissão."
Fim. :D
"... a demagogia moderna faz uso do discurso [...] mas faz uso ainda maior da palavra impressa. Por esse motivo é que o publicista político e, muito particularmente, o jornalista são, na atualidade, os mais notáveis representantes da demagogia.
[...] O jornalista participa na atuação de todos os demagogos, tal como [...] o advogado (e o artista). Isso escapa a qualquer classificação social precisa. Pertence a uma espécie de classe de párias que a 'sociedade' sempre julga em função de seus representantes mais indignos sob a ótica da moralidade. Esse é o motivo pelo qual se veiculam as idéias mais estranhas a respeito dos jornalistas e do trabalho que executam. A par disso, a maior parte das pessoas ignora que um 'trabalho' jornalístico realmente bom exige pelo menos tanta 'inteligência' quanto qualquer outro trabalho intelectual e, frequentemente, se esquece tratar-se de tarefa a executar de imediato e sob comando, tarefa à qual impõe-se emprestar pronta eficácia, em condições de criação inteiramente diversas das enfrentadas por outros intelectuais. Muito raramente se considera que a responsabilidade do jornalista é bem maior que a do cientista, não sendo o sentimento de responsabilidade de um jornalista honrado em nada inferior ao de qualquer outro intelectual. [...] Tombou o jornalismo num descrédito explicado pelo fato de havermos guardado na memória abusos de jornalistas carentes de senso de responsabilidade e que exerceram, amiúde, influência deplorável. No entanto, ninguém se inclina a admitir que a discrição do jornalista seja, de modo geral, superior à de outras pessoas. O ponto é inegável. As tentações que se ligam ao exercício dessa profissão são incomparavelmente mais fortes, assim como outras condições que rodeiam a atividade jornalística implicam em certas consequências que habituaram o público a ver o jornal com um misto de desdém e de piedosa covardia. [...]
[...] Sem dúvida nenhuma, a carreira jornalística permanecerá como uma das vias mais importantes de atividade política profissional. [...] Mas a vida do jornalista está entregue, sob todos os pontos de vista, ao puro azar e em condições que o põe à prova de maneira que não encontra paralelo em nenhuma outra profissão."
Fim. :D
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