quinta-feira, 13 de março de 2008

Nós que aqui estamos, por vós esperamos

Sempre, sempre quis ver esse filme. Desde aquelas aulas da específica de atualidades, o Bueno e o Lustosa despertaram minha atenção especial pra esse filme. Eu imaginava que seria apenas sobre a Primeira Guerra Mundial, mas é muito mais que isso, é um apanhado geral do século passado, e é mais bonito que qualquer Forrest Gump.

Não que Forrest Gump seja ruim. Mas Nós que aqui estamos, por vós esperamos é melhor.

Enfim. Aaaah, o século XX. Me encanta como nenhum outro pedacinho da História consegue. Foi o século das mulheres, do rock, da destruição, das ditaduras, das liberdades... Mas me apaixono por esse século por causa da quantidade de registros em termos de filmagens e fotografias.

O filme é de uma riqueza assustadora de imagens, e se baseia nisso: imagens. Não tem ninguém falando, apenas frases ligando uma coisa a outra. E então você se choca com os horrores das tantas guerras, com as imagens dos ditadores, as sequelas que a guerra deixa (o Lustosa vivia falando do ex-soldado de trincheira cheio de tiques), as mortes e as explorações humanas. A parte que trata de Serra Pelada é de uma sensibilidade impressionante.

Como nem tudo tem que ser horrível, o filme mescla todo o horror do século passado com coisas felizes, ou cômicas. Não tem como não sorrir ao ver quatro milagrosas pernas se intercalando em ação: Mané Garrincha e Fred Astaire (lindo!), ou ao ver jovens soldados estado-unidenses no Vietnã recebendo a notícia de que poderiam ir embora para casa. Além disso, tem o bom humor com que o feminismo é tratado ("Estrangulou o marido e foi ao cinema"), sem perder o respeito pela luta.

E tem mais coisa, mais coisa. É lindo. Adoro essa nova abordagem da História: não apenas estudar os figurões, mas também a população, os anônimos, gente como a gente. O fime trata muito mais dos habitantes do século XX do que dos chamados "grandes homens".

O encerramento é uma gracinha, tem um pouco de Brasil e explica o título filosófico. Minha nota é 9,5. Afinal de contas, abreviar "horas" como "hs" é um pecado mortal.

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