Naquele mundo selvagem onde vivia, ela era a fêmea mais temida. As criaturas menores e mais frágeis se escondiam apavoradas ao som de seus passos leves e ameaçadores. Até mesmo suas semelhantes a respeitavam, vinham lhe pedir conselhos e ensinavam suas crias a se espelharem nela.
De todos os machos do lugar, apenas dois conseguiram se aproximar o suficiente para dar a ela filhotes: tinha um de cada. Ao contrário das outras fêmeas, não permitia que os machos chegassem perto e muito menos que pegassem sua caça. Fuzilava-os com o olhos e se algum desavisado se atrevesse a dar um passo em sua direção enquanto comia e alimentava suas crias, ela rugia ferozmente e o espantava.
Seu pêlo era todo desgrenhado, sua cara suja dos restos da comida, suas patas imundas do chão. Tinha um corpo muito magro, mas muito forte: eram tempos difíceis. Seus dentes não eram brancos ou bonitos, mas eram os mais afiados e assustadores da região. Porém, o que mais assustava nela eram os olhos, rasos e vazios, escuros e dilatados, sem passado, sem história, sem dor ou paixão. Refletiam sua essência sem mostrar a alma, se é que ela possuía algo assim.
Gozava de inteira liberdade em seu território. Ninguém a incomodava, nem ficava em seu caminho, ela era perfeitamente livre para fazer o que bem entendia. Chegou um dia, porém, que tudo isso lhe foi arrebatado de uma só vez e tão depressa que ela nem teve tempo para raciocinar. Um macho novo no local se aproximou enquanto ela comia, ignorou seu olhar feroz e seu rugido gutural, e simplesmente roubou seu alimento.
Sem hesitar, ela pulou em seu pescoço e tirou sua vida num instante. Quando ia voltar para sua refeição, um bando de homens a cercou, espancou e prendeu, e quando ela deu por si, estava presa numa cela.
E ali foi ficando. Deram-lhe um banho. Deram-lhe comida. Logo todo pêlo do seu corpo estava lustroso e seus ossos se recobriam de carne. Mas mesmo saudável, ela ia definhando. Sem poder rugir, perdeu a voz. Sem ninguém por perto, perdeu o porte. Sem se exercitar, seu sangue se tornou veneno em suas veias. Com duas semanas de cárcere, Leona morreu de tristeza.
De todos os machos do lugar, apenas dois conseguiram se aproximar o suficiente para dar a ela filhotes: tinha um de cada. Ao contrário das outras fêmeas, não permitia que os machos chegassem perto e muito menos que pegassem sua caça. Fuzilava-os com o olhos e se algum desavisado se atrevesse a dar um passo em sua direção enquanto comia e alimentava suas crias, ela rugia ferozmente e o espantava.
Seu pêlo era todo desgrenhado, sua cara suja dos restos da comida, suas patas imundas do chão. Tinha um corpo muito magro, mas muito forte: eram tempos difíceis. Seus dentes não eram brancos ou bonitos, mas eram os mais afiados e assustadores da região. Porém, o que mais assustava nela eram os olhos, rasos e vazios, escuros e dilatados, sem passado, sem história, sem dor ou paixão. Refletiam sua essência sem mostrar a alma, se é que ela possuía algo assim.
Gozava de inteira liberdade em seu território. Ninguém a incomodava, nem ficava em seu caminho, ela era perfeitamente livre para fazer o que bem entendia. Chegou um dia, porém, que tudo isso lhe foi arrebatado de uma só vez e tão depressa que ela nem teve tempo para raciocinar. Um macho novo no local se aproximou enquanto ela comia, ignorou seu olhar feroz e seu rugido gutural, e simplesmente roubou seu alimento.
Sem hesitar, ela pulou em seu pescoço e tirou sua vida num instante. Quando ia voltar para sua refeição, um bando de homens a cercou, espancou e prendeu, e quando ela deu por si, estava presa numa cela.
E ali foi ficando. Deram-lhe um banho. Deram-lhe comida. Logo todo pêlo do seu corpo estava lustroso e seus ossos se recobriam de carne. Mas mesmo saudável, ela ia definhando. Sem poder rugir, perdeu a voz. Sem ninguém por perto, perdeu o porte. Sem se exercitar, seu sangue se tornou veneno em suas veias. Com duas semanas de cárcere, Leona morreu de tristeza.
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