A primeira vez que eu o vi, ele era apenas um pacote embrulhado em uma manta branca, minúsculo e indefeso, dormindo sossegado. Eu o amei naquele exato instante, mas nem imaginava que um dia ele se tornaria uma estrela do rock. E muito menos que ele se tornaria um dos meus melhores amigos.
Não podia segurá-lo a não ser que eu me sentasse no sofá da casa dele e ficasse quietinha, bem rápido para a foto e passa já o menino pra cá porque você é muito nova pra ficar segurando neném. Ah, e ele chorava tanto! Nervosinho. Barulhento como um roqueiro-problema. Mas ele também era diferentão, alternativo. Seu cabelo não nascia no formato típico moicano rebelde, mas exatamente o contrário. Irreverente e incomum. Se formava ali um ídolo jovem e eu só queria saber de observá-lo e conversar com ele em tatibitate.
Desde quando tinha idade para ir ao cinema, eu o levava sempre que podia. E ele jamais me decepcionou: o rapaz tem bom gosto para animações e filmes infantis, como bom artista que se preza. A minha revelação, no entanto, surgiu quando ele estava às portas da adolescência, ainda naquela fase em que eles odeiam beijos e abraços e morrem de nojo das meninas: nem a mamãe ganha beijo, imagine só se eu ganharia.
Fui averiguar seu gosto musical, só para saber qual a banda horrorosa cujo vocalista não canta, grita, estava na moda. Para a minha surpresa, ele se interessava por rock de qualidade. Ou pelo menos por aquilo que eu considero música boa. E então eu, frenética, passei a apresentar-lhe minhas bandas atuais preferidas, explicando do que se tratava. Acima de tudo, mostrei a ele toda a velharia que eu amo tanto: Beatles, Janis Joplin, Jimi Hendrix. Contei a ele algumas histórias divertidas. Ele gostou de muita coisa, achou outras ruins ou difíceis demais.
O fato é que havíamos nos tornado melhores amigos. Todo almoço de domingo eu fazia questão de sentar ao seu lado e, quando ele menos esperava, eu me inclinava em sua direção e lhe contava uma história. Ele ria, fingia-se de interessado, ou se interessava de fato. Comprei CDs para ele, emprestei meu mp3 player, vistoriei o dele. Tudo pela boa formação musical do menino.
Hoje ele é um adolescente chato, como todo adolescente que se preza. Mas manteve o bom gosto que a prima lhe ensinou. Descobriu recentemente que tem um talento maravilhoso para desenho, assim como a estrela do rock Paul McCartney. Também tem praticado os clássicos do rock em sua guitarra de plástico nova, hoje ele parece até o Jimi Hendrix.
Pode-se culpar a idade pelo comportamento de estrelinha do rock, mas todos sabem que debaixo daquela neve mora um coração. E ele é, de longe, a pessoa mais sensível e amorosa da família. E fica cada dia mais bonito. Mas o mais impressionante não é nem seu talento na guitarra, nem seu vasto conhecimento em rock and roll.
Ultimamente, ele tem abraçado e beijado a mãe, as primas, as tias e as avós. E o pai, os tios, o primo, e para o vovô ele reserva um aperto de mão muito caloroso.
Os tempos mudam. O rock permanece.
Não podia segurá-lo a não ser que eu me sentasse no sofá da casa dele e ficasse quietinha, bem rápido para a foto e passa já o menino pra cá porque você é muito nova pra ficar segurando neném. Ah, e ele chorava tanto! Nervosinho. Barulhento como um roqueiro-problema. Mas ele também era diferentão, alternativo. Seu cabelo não nascia no formato típico moicano rebelde, mas exatamente o contrário. Irreverente e incomum. Se formava ali um ídolo jovem e eu só queria saber de observá-lo e conversar com ele em tatibitate.
Desde quando tinha idade para ir ao cinema, eu o levava sempre que podia. E ele jamais me decepcionou: o rapaz tem bom gosto para animações e filmes infantis, como bom artista que se preza. A minha revelação, no entanto, surgiu quando ele estava às portas da adolescência, ainda naquela fase em que eles odeiam beijos e abraços e morrem de nojo das meninas: nem a mamãe ganha beijo, imagine só se eu ganharia.
Fui averiguar seu gosto musical, só para saber qual a banda horrorosa cujo vocalista não canta, grita, estava na moda. Para a minha surpresa, ele se interessava por rock de qualidade. Ou pelo menos por aquilo que eu considero música boa. E então eu, frenética, passei a apresentar-lhe minhas bandas atuais preferidas, explicando do que se tratava. Acima de tudo, mostrei a ele toda a velharia que eu amo tanto: Beatles, Janis Joplin, Jimi Hendrix. Contei a ele algumas histórias divertidas. Ele gostou de muita coisa, achou outras ruins ou difíceis demais.
O fato é que havíamos nos tornado melhores amigos. Todo almoço de domingo eu fazia questão de sentar ao seu lado e, quando ele menos esperava, eu me inclinava em sua direção e lhe contava uma história. Ele ria, fingia-se de interessado, ou se interessava de fato. Comprei CDs para ele, emprestei meu mp3 player, vistoriei o dele. Tudo pela boa formação musical do menino.
Hoje ele é um adolescente chato, como todo adolescente que se preza. Mas manteve o bom gosto que a prima lhe ensinou. Descobriu recentemente que tem um talento maravilhoso para desenho, assim como a estrela do rock Paul McCartney. Também tem praticado os clássicos do rock em sua guitarra de plástico nova, hoje ele parece até o Jimi Hendrix.
Pode-se culpar a idade pelo comportamento de estrelinha do rock, mas todos sabem que debaixo daquela neve mora um coração. E ele é, de longe, a pessoa mais sensível e amorosa da família. E fica cada dia mais bonito. Mas o mais impressionante não é nem seu talento na guitarra, nem seu vasto conhecimento em rock and roll.
Ultimamente, ele tem abraçado e beijado a mãe, as primas, as tias e as avós. E o pai, os tios, o primo, e para o vovô ele reserva um aperto de mão muito caloroso.
Os tempos mudam. O rock permanece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário